ST Warlock - A Arte (2)

É mais ou menos assim que a ST Warlock deve ser parecer quando o acabamento for aplicado. Nesse caso é uma sobreposição do design da arte em uma foto que eu enviei como referência.
Esse artigo vai tratar do conceito que eu tenho para a arte, as referências e novamente mais agradecimento a mais pessoas envolvidas no projeto.








Base Coating:
Novamente tenho que agradecer ao Erik Zatti por ter passado o base coating e pintado em matte black, antes mesmo de decidirmos como seria a arte final. Na segunda foto é possível notar a curva típica de stratocasters que eu pedi (para não negar minhas origens ou inclinações) e as cavidades para os componentes digitais e a cavidade de controles analógicos

Arte analógica/digital:

Eu sempre achei incrível a riqueza de detalhes e profundidade da pintura, a mágica dos pigmentos e tratamentos dados às guitarras de maneira a torna-las obras de arte orgânicas.
A arte digital por outro lado possibilita padrões demasiado complexos e extensos para um artista repetir (por exemplo: fractais) serem criados, e posteriormente passados para a guitarra.
Comparar as duas coisas seria como comparar pedais de efeitos digitais e analógicos. Cada um tem sua aplicação, vantagens e downsides.
Esse é um projeto onde a arte digital foi a melhor alternativa e dessa maneira foi feito, por uma empresa especialista em arte digital (CGW) .
Em um projeto que fosse se favorecer de uma aerografia ou um top que pudesse ser lixado para tornar os veios da madeira aparentes ou mesmo uma guitarra camaleão (que eu já "paquero" a algum tempo) eu adoraria contar com o pessoal da MusicKolor, porque seria (na minha opinião) mais a pegada dessa empresa. São dois universos distintos e é muito bom poder contar com especialistas nas duas áreas no Brasil, o portfólio de ambas as empresas é fantástico e fala por si só, além de contarem com profissionais extremamente atenciosos. Ambas me deixaram uma excelente impressão.

Sobre a arte:

A guitarra tão conceitual e tecnológica não poderia deixar passar despercebidas suas motivações com um acabamento comum. Eu fazia questão de ter trilhas de placas de circuito impresso, alguns itens encontrados em desenhos técnicos, esquemas elétricos e plantas por exemplo.

Inicialmente eu e o Zatti queríamos muito que essa arte fosse pintada diretamente na guitarra, o que me levou a conversar com o pessoal da MusicKolor que sempre deixou a minha timeline do facebook mais bonita com seus trabalhos com tintas, pigmentos e aerógrafo. Desde o Candy e Matte tradicional à pinturas neon e camaleão. Como bons profissionais eles me desaconselharam a pintura tradicional nesse caso e me sugeriram uma arte digital, que posteriormente seria passada para um vinil extra-fino e aplicada no corpo da guitarra. Me passaram a cotação e pediram se possível a arte já desenvolvida.

Acontece que eu tinha uma visão clara do que eu queria mas não tinha meios de trazer o conceito do plano das ideias para um arquivo. Eu me recordei de outra empresa que fazia adesivos e arte digital, a Custom GW e conversando com o designer eu tive a certeza de ter encontrado a pessoa certa para esse projeto. Um fã de Tron, Starcraft e aspectos da cultura geek, steampunk, sci-fi, gamer e demais influências que seriam usadas aqui. Me sentindo compreendido, recebi a cotação da arte e mãos a obra.

Mandei alguns brushes de referência e a primeira arte que ele me mandou era exatamente o que eu estava procurando, com apenas alguns detalhes por acertar, mais pelo meu TOC do que por necessidade. Quando eu estou roteando minhas placas de circuito impresso tenho regras bem específicas quanto a coisas aparentemente pequenas, a mais básica são os ângulos com incrementos de 45 graus e sempre procurar simetria. A segunda foto é uma explicação minha sobre isso para uma correção que passaria despercebida pela maior parte das pessoas mas estava me incomodando. Depois de mais alguns detalhes resolvidos a arte estava pronta e eu estava profundamente satisfeito. Obrigado!

Adendo sobre a digitalização:

Fotografa-la dentro do esquadro era uma opção, mas a lente sempre tende a distorcer as medidas e isso não é bom quando o designer tem a necessidade de um arquivo vetorial preciso com os contornos e o posicionamento de todas as peças da guitarra para fazer a arte. A alternativa era coloca-la sobre uma superfície de scanner e tirar referências para vetorizar a arte, sem distorções de formas ou dimensões.
Eu sei que não é todo dia que aparecem sujeitos querendo colocar suas guitarras sobre o vidro de uma fotocopiadora A3 e pedindo o arquivo final, mas as pessoas parecem ter uma dificuldade em aceitar o bizarro como uma possibilidade.
Essa sobre o balcão é a ST Warlock com a nova pintura Matte Black feita pelo Mr. Zatti, cansada e desiludida depois de irmos juntos à quatro gráficas sem sucesso, com reações variando da descrença do atendente com uma moça que olhava alternadamente para mim e para a guitarra até dizer: "Moço, você está falando sério?".
Finalmente, na NiCopy, encontrei alguém apto e interessado a fazer o procedimento. No fim das contas a guitarra era ligeiramente maior do que o A3 mas o rapaz sabiamente digitalizou em dois passos, juntou as imagens e redesenhou todos os contornos para me entregar um arquivo ".DXF" da maneira como eu precisava para mandar para o artista que desenvolveria a arte. Durante o processo até o dono da gráfica veio falar comigo para perguntar do que exatamente eu precisava e como poderia me ajudar, nota 10 para esses caras também!

Agradecimentos:

Eu gostaria que a própria guitarra contasse a todos as suas origens e pelo menos os principais envolvidos e colaboradores de uma maneira que soasse natural. Pensei em manuais de serviço da Fender/Marshall que tem data, serial, o disclaimer e outras informações sobre o projeto no canto da página e pedi ao designer da CGW se seria possível fazer algo nessa vibe para ser incluído na guitarra e o resultado pode ser visto ao lado.
Obrigado!