9 de dez. de 2013

Tecnologia da E-Drum

Você pode montar uma E-Drum (bateria eletrônica ) ou instalar triggers no seu kit acústico ou montar um kit com itens eletrônicos e acústicos como o Neil Peart (Rush) e o "Futureman" (Bela Fléck and the Flecktones) que tem um controle curioso do seu equipamento, com pads e uma controladora MIDI em forma de guitarra com botões para gerar sons de percussão.
Nesse artigo discuto que elementos tornam isso possível e como uma E-Drum e outros MIDI-Controllers funcionam.





Sensores (Capsulas Piezoelétricas):
Já discutimos esses elementos no artigo sobre captadores, mas vamos recapitular: "Elementos piezoelétricos convertem energia mecânica em elétrica", nos violões eles capturam a vibração abaixo do cavalete e convertem em som, aqui eles criam picos de energia quando a baqueta atinge a superfície.
Os dois exemplos ao lado são triggers, um montado com uma estrutura de proteção e um apenas a cápsula e o conector para o cabo.
Nos triggers a capsula é adicionada externamente ao tambor (ou prato) de uma bateria acústica enquanto no kit eletrônico ela é embutida no pad e quando você o atinge a energia mecânica é transferida pra essa cápsula e também convertida em energia elétrica.
Existem pads sensíveis à dinâmica ("velocity sensitive") e outros que apenas enviam pulsos quando atingidos, independente da força, mas a sensibilidade também depende do módulo.

Módulo:
Essa é a peça responsável por "interpretar" os pulsos recebidos pelos sensores, geralmente apresentam regulagem de sensibilidade para adaptar a dinâmica à força empregada pelo baterista e às diferenças de captação das peças individuais da bateria e converter em informação MIDI e posteriormente gerar sons de bateria ou do que mais a unidade possibilitar.




MIDI:
O "Musical Instrument Digital Interface" faz o que o nome sugere, cria a interface entre dispositivos para instrumentos musicais, em teclados, sintetizadores e baterias ele funciona carregando informação entre a controladora e o equipamento que gera o som, em rigs de guitarra ele pode controlar racks em sets modulares, assunto de outro tópico já tratado.
Para não nos aprofundarmos aqui basta dizer que para a mensagem "Note On" (que entre os outros tipos de mensagem disponíveis no protocolo MIDI é a usada para mostrar que um trigger foi acionado) nós usamos 3 informações, "CMD", "Note" e "Velocity".

CMD - 4 bytes (0-15) indica o canal MIDI para o qual a mensagem será enviada de entre 16 canais e 4 bytes indicam o tipo de mensagem que é essa (Note ON, Note OFF, Program Change, Control Change entre outras). Aqui usamos "Note On" como padrão

Note - 8 bytes (0-127) indica a "nota", em teclados isso é literalmente a nota do A0 (note 21) ao C8 (note 108) do piano enquanto para E-Drums cada note é uma peça da bateria, seguindo um padrão mostrado aqui.

Velocity - 8 bytes (0-127) indica a pressão aplicada sobre a tecla (no caso do teclado) ou a intensidade do hit no caso da bateria eletrônica, em módulos com "velocity flag" desligado, independente da força essa informação sempre será 127 quando o pad for atingido, dando uma leitura de intensidade máxima mesmo quando atingido de forma mais sutil.

Sound Module:
O responsável por converter informação MIDI em som, geralmente tem vários kits disponíveis, batidas eletrônicas, diferentes kits acústicos, peças de percussão de diferentes partes do globo e até alguns efeitos. A maior parte dos módulos de bateria eletrônica tem um "sound module" interno, mas nada te impede de usar um módulo para converter os Triggers em informação MIDI e usar equipamentos adicionais para ter uma variedade maior de sons ou até conectar um cabo MIDI do módulo em um notebook (prática comum para tecladistas hoje em dia) por meio de uma interface e usar VSTs.


 VSTi e Plugins:
A foto ao lado é do VSTi "EzDrummer" com um pacote de expansão para metal com um drumkit invejável repleto de peças (haja Pads!) que pode ser instalado em qualquer computador que preencha as especificações do programa e rodar com mínima latência (atraso no processamento do som).
VSTi (Virtual Studio Technology Instrument) é uma ferramenta usada para sintetizar instrumentos com elevado grau de realismo em forma de "plugin" para ser usado em uma D.A.W. (Digital Audio Worsktation) como ProTools, Cubase, Reaper, Sonar e afins.
Alguns VSTis tem uma versão "standalone", isso significa que rodam na forma de um programa sem utilizar as DAWs, geralmente usado para ensaios ou situações "ao vivo", economizando o processamento para essa única ferramenta.


Kits Mistos:
São kits de bateria onde peças acústicas são microfonadas, algumas são triggadas e pads eletrônicos adicionais são instalados para sons e possibilidades adicionais, Neil Peart é um usuário notório de kits mistos e qualquer um que tenha visto seus shows e prestado alguma atenção nota isso, mas eu quero lhes apresentar Futureman!

 

Seu kit foi construído por ele, peças como uma superfície cheia de botões no rack da bateria e uma controladora em forma de guitarra fazem dele algo entre um percussionista, um DJ, um engenheiro e um doido. Confiram o solo dele no vídeo.
Para os interessados, deixo links com informação sobre a "drummitar" aqui (em inglês) e o kit analógico da Pearl aqui (em inglês).



Vantagens da E-Drum:
Diversas! Ao vivo uma E-Drum possibilita que a captação ocorra sem microfones, menos "ruído de fundo" no P.A., se você toca em uma banda de baile você tem uma gama bem maior de sons à sua disposição e pode trocar seu kit todo pressionando um botão. Em studio, gravar pistas MIDI e processar em um VSTi poderoso permite que você altere coisas como a afinação da caixa, a compressão do bumbo e até mesmo o modelo do prato depois de gravado, se em uma edição posterior soar melhor da outra forma!

Desvantagens:
Alguns bateristas, principalmente os puristas do jazz, dizem que a dinâmica não é a mesma. O perfil de pessoa que passa horas (literalmente) dentro do bumbo colando espumas, abafadores, afinando a pele batedeira e a de resposta antes de tocar e se dá melhor com esses ajustes do que com potenciômetros, botões e regulagens digitais geralmente não se deixa levar pelo apelo hi-tech.

Nenhum comentário:

Postar um comentário